sábado, 27 de dezembro de 2008

Meus Momentos com Capitu


“Este ano ‘comemoramos’ cem anos sem Machado de Assis, autor consagrado e obrigatório em vestibulares e outros afins para inserção no meio de trabalho, em minha opinião, um saco, pois essa velha linguagem não me diz respeito e, portanto acho uma perda de tempo (...)”, Redação de um concurso público.

Não se assustem, realmente hoje em dia têm muitas pessoas que não aceitam Machado, ou melhor, que não entendem Machado. Cansei de ouvir que param de ler porque a linguagem é muito antiga, ou porque ele é simplesmente “um chato”. Creio que isso é devido à falta de incentivo, quero dizer, do incentivo a boa leitura e de seu aproveitamento. Sinceramente me apaixonei há algum tempo pelas obras dele, não é particularmente fácil, admito, mas também não é nenhum bicho de sete cabeças.

A princípio, ouvi rumores sobre ele, sobre Capitu, Bentinho, outros personagens que não me recordo muito bem. Depois disseram-me que seus textos eram muito maçantes e que mesmo que eu me esforçasse não entenderia o que ele queria dizer. Foi ai que fiquei mais curioso. Já me recomendaram diversos livros, uns bons e outros, nem tanto. Mas quando de fato certa pessoa que me recomendou livros de um certo “Peixe” Coelho, que dizia ser obra sublime e irradiante de originalidade, disse-me que Machado era perda de tempo, senti que algo de errado estava ali. Se esta pessoa não gostava de Machado, logo pensei, eu irei adorar. Busquei então das mãos de uma tia-postiça as Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Perguntai-me agora se gostei do livro ou mesmo se o abri para conhecer sua literatura e o mundo que lá dentro continha? Serei sincero, levei um tempo para começá-lo não foi algo imediato devido a trabalhos escolares e outros livros que a frente estavam.

Logo continuei o que fazia sem me interessar pelo bom velhinho e, não lembro como, deparei-me com Dom Casmurro. Uma belíssima capa em que se encontra um desenho estilizado de Capitu e com deliciosa crítica como sinopse. Aquilo me intrigou, comecei a ler imediatamente mesmo tendo outros livros para ler e trabalhos a fazer. Conclusão? Apaixonei-me imediatamente pela “Cigana de olhos oblíquos e dissimulados”, aquela delícia romântica em que passei horas a fio junto à cama, chegando até mesmo a irritar meus familiares por não prestar atenção ao que diziam. Logo teve início a micro-série na TV. Cada cena, cada música que acompanhava os movimentos, as falas, tudo mexia com meu interior de forma sublime.

Creio que os jovens de hoje somente precisam de um impulso para aproveitar melhor o que Machado nos deixou, não é tão fácil, mas ao final é recompensador experimentar a delícia de suas palavras.

Contudo, finalizo aqui com uma pergunta, por que não comemorar os textos de Machado ao invés de celebrar a sua morte? Pode ser difícil, mas com o tempo você pode começar a se apaixonar, apenas dêem uma chance.

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