"Primeiro, as cores.
Depois, os humanos.
Em geral, é assim que eu vejo as coisas.
Ou, pelo menos, é o que tento.
EIS UM PEQUENO FATO:
Você vai morrer.
Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie
REAÇÃO AO FATO SUPRACITADO:
Isso preocupa você? Insisto - não tenha medo. Sou tudo, menos injusta.
As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa.
Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes. Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas. A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?
Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo - o espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar.
O que, por sua vez, me traz ao assunto de que lhe estou falando esta noite, ou esta manhã, ou seja lá quais forem a hora e a cor é a história de um desses sobreviventes perpétuos - uma especialista em ser deixada para trás.
É só uma pequena história, na verdade, sobre, entre outras coisas:
· Uma menina
· Algumas palavras
· Um acordeonista
· Uns alemães fanáticos
· Um lutador judeu
· E uma porção de roubos”.
Trecho retirado de “A Menina que Roubava Livros”
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